25 de mai. de 2010

Brega: Antes e depois do rock

Falam que não há rock no Brasil. Os seguidores do superestimado gênero citam diversos argumentos, entre eles, a genialidade, o idioma e a exclusividade dos grandes artistas do rock internacional para desmerecer as "cópias" nacionais. É uma discussão interessante..... para outro blogue com certeza. Aqui, o que interessa é o brega.

E por que diabos falei do rock ?

Porque o tal ritmo contagiou o mundo com mais velocidade, força e violência que o vírus A H1N1. Chegou ao Brasil, e ao meu ver, faz parte de um galho grande na árvore genealógica da música brega. Antes do rock, a música brega era composta por tangos, boleros, sambas-canções, músicas de fossa pesadíssimas, sentimentais até dizer basta. Com a chegada do rock ao país, os nossos artistas ganharam um novo aliado para tratar de suas angústias amorosas.

A Jovem Guarda, dá ao brega uma nova roupagem. Roberto Carlos é coroado e se transforma no rei da música popular brasileira (note que não usei a sigla MPB). A popularidade é tamanha, e o estilo é copiado e reproduzido sem pudor. O Ieieiê, as bandas de baile se espalham pelo Brasil, com covers da Jovem Guarda, e versões de canções internacionais, além das composições próprias. ****Diz Chimbinha, guitarrista da banda Calypso, que é nessa época, que surge a típica batida brega da guitarra, sendo uma tentativa dos guitarristas das bandas de baile em imitar os seus ídolos internacionais. (mas isso é assunto pra outro post)****


O brega antropofagiza a jovem guarda. Com a influência do Ieieiê, o peso do ultra romantismo que havia, é atenuado. A estética sonora brega fica moderninha, ainda valoriza vozes vigorosas, porém, agora acompanhadas de teclados, guitarras limpas, baixo, bateria, e metais (quando o teclado não imita os metais). A partir daí, as bandas de baile, bandas de cabaré, bandas de brega mantêm mais ou menos a mesma estética, até o final dos anos 80, quando com uma evolução natural, influências, e novas antropofagias, adquire novas formas e produz mais galhos na árvore genealógica do brega.

Essa vertente do brega, o brega jovem guarda, ou a jovem guarda brega (a jovem guarda por si, já é brega, só Robertão que virou Frank Sinatra), é talvez, a mais popular e a mais presente, ainda, nos quatro cantos do país. Quando se fala em brega, chega essa imagem e esse som de teclados e baixos, em alto volume, até a cabeça de muita gente

Pra fechar, Raul Seixas, grande músico brega, dizia que na velha Bahia se tocava nos teatros a Bossa Nova de João Gilberto pra a classe média e alta baiana, enquanto o rock'n'roll, era música de empregada, e tocava nos clubes populares, onde Raul ia ouvir e dançar ao som de covers e versões de seus ídolos. *Só me vêm a mente o clube português, o internacional, o dos cisnes, das pás, etc.......Mudou muito? (VIVA LABAREDAS) *




Por isso afirmo que a autêntica manifestação do rock no Brasil, é o brega. O resto, sim, é cópia, ou pretensão de simular os internacionais.

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